Tenho dúvidas, muitas dúvidas, se hoje as rádios locais, cumprem o papel que a lei determinou e a que as próprias se propusseram, aquando da sua legalização.
Não o papel de diversificação musical, não a missão de divulgarem a música portuguesa, não o abrir a rádio aos ouvintes que, isso, quase todas fazem, mas tão simplesmente, aquela missão de serviço público à pequena escala, da entrevista local, do noticiário regional, do relato da equipa da terra, quase "conversa de café", que chega a um público...ao seu público.
Algumas o farão certamente, mas quantas rádios locais trabalham os seus próprios noticiários, sem ser alterar o que os jornais regionais publicam? Quantas rádios fazem reportagem de rua? Quantas fazem entrevistas a Presidentes de Juntas, a Presidentes Associativos, a Directores de clubes das regiões?
Não sei, nem tenho certezas. Acredito que ...poucas. Acredito que, menos ainda, tenham um programa sobre eventos culturais, recreativos e desportivos locais. Acredito que já tiveram,. Tenho a certeza que a legalização (necessária) toldou as boas vontades e as ideias.
Hoje, muitas rádios locais esquecem esse seu papel formativo. Esquecem o seu poder e a sua posição na sociedade. Esquecem-se que são um veículo de crescimento das suas regiões. Deixam-se envolver por "discos pedidos", como se esse fosse o manancial e o "serviço público" começasse e acabasse aí.
E é pena.